Brasil inaugura primeira fábrica de mosquitos da dengue transgênicos
Empresa Oxitec produz inseto capaz de reduzir transmissão da doença.
Unidade em Campinas gera até 2 milhões de mosquitos por semana.
Mosquito Aedes aegypti macho fabricado pela Oxitec, unidade criada em Campinas, interior de São Paulo (Foto: Eduardo Carvalho/G1)
A unidade, instalada em Campinas, tem capacidade de produzir 500 mil insetos por semana. No ápice de produção, esse número pode saltar para 2 milhões de machos a cada sete dias.
A tecnologia foi desenvolvida em 2002, no Reino Unido. No laboratório, ovos dos Aedes aegypti receberam uma microinjeção de DNA com dois genes, um para produzir uma proteína que impede seus descendentes de chegarem à fase adulta na natureza, chamado de tTA, e outro para identificá-los sob uma luz específica.
Os machos, quando liberados na natureza, procriam com as fêmeas –responsáveis pela incubação e transmissão do vírus da dengue. Elas vão gerar descendentes que morrem antes de chegarem à vida adulta, reduzindo a população total.
Testes iniciados em 2011 na cidade de Juazeiro, na Bahia, mostraram redução acima de 80% na população selvagem. Alguns experimentos apontaram resultados de 93% de redução do Aedes aegypti que vive na natureza. O uso dos insetos da Oxitec no Brasil foi feito em parceria com a organização Moscamed.
Fábrica pode produzir 500 mil mosquitos
por semana (Foto: Eduardo Carvalho/G1)
Como funcionapor semana (Foto: Eduardo Carvalho/G1)
A ideia da Oxitec é ser contratada pelo poder público para fornecer um pacote de serviços, que vai desde o treinamento de agentes públicos ao combate de possíveis epidemias de dengue.
A contratação depende da aprovação da Agência de Vigilância Sanitária, a Anvisa, que ainda estuda autorizar a comercialização deste tipo de serviço. Caso isto ocorra, o Brasil poderá ser o primeiro país a aprovar o uso de Aedes aegypti transgênico, em caráter comercial, para combater a dengue.
No entanto, testes podem ser realizados em algumas cidades, como Piracicaba e Campinas, ambas no interior paulista.
Segundo Glenn Slade, diretor global de desenvolvimento de negócios da empresa, uma cidade de 50 mil habitantes terá de desembolsar de R$ 2 milhões a R$ 5 milhões por ano para aplicar os serviços, e R$ 1 milhão pelos anos seguintes, para manutenção dos insetos. Ele afirma ainda que novas unidades devem ser construídas no Brasil.
De acordo com o Ministério da Saúde, entre 1º de janeiro e 5 de julho deste ano, o país registrou 659.051 casos de dengue, total que é 52,5% menor que o do ano passado (1.388.776 notificações). A quantidade de mortes também diminuiu. Foram 249 óbitos entre 1º janeiro e 5 de julho deste ano contra 541 no mesmo período do ano passado.
Mosquito
da dengue transgênico é macho, e se reproduz com fêmeas na natureza,
gerando mosquitos que morrem antes da vida adulta (Foto: Eduardo
Carvalho/G1)
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