30 anos após morte, Garrincha ainda não descansou
Trinta anos após sua morte, certos mitos sobre Garrincha continuam mais difíceis de matar do que Rasputin. O de que ele chamava seus marcadores de "João", por exemplo --significando que não queria nem saber quem eram, porque iria driblá-los do mesmo jeito. Garrincha nunca disse isso. A história foi inventada por seu amigo, o jornalista Sandro Moreyra, em 1957, para mostrá-lo como um gênio ingênuo e intuitivo. Garrincha a detestava, porque os adversários, que não queriam ser chamados de "João", redobravam a violência contra ele. Que Garrincha era um gênio intuitivo do futebol, não há dúvida. Mas não tinha nada do ingênuo, quase débil, com que algumas histórias o pintavam. Ao contrário, era até muito esperto a respeito do que o interessava --mulheres e birita, a princípio nesta ordem--, e não havia concentração que o prendesse. Nos seus primeiros dez anos de carreira, 1953-1962, Garrincha conseguiu conciliar tudo isso com o futebol. Dali em dian