Friboi sai da disputa com críticas pesadas a Iris

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Ao renunciar à pré-candidatura, empresário diz em carta que abre caminho para o ex-governador e que acompanhará a eleição apenas como cidadão; no documento, ele afirma ter recebido de Iris a garantia de que não pretendia ser candidato a governador de Goiás; e foi duro com o correligionário: “Quando decidi entrar na política, jurei a mim mesmo e à minha família que não me afastaria dos princípios em que sempre acreditei: falar a verdade e acreditar que os outros estejam fazendo o mesmo”
22 de Maio de 2014 às 17:37
Goiás247 - O empresário Júnior do Friboi (PMDB) anunciou em carta que, devido a divergências com o grupo político do correligionário e ex-governador Iris Rezende, desistiu de sua pré-candidatura ao governo de Goiás pelo partido. Foi grande o volume de informações de bastidores que circularam nesta quinta-feira (22) dando conta de que ocorreria uma reviravolta no partido. Antes da divlugação da carta, o anúncio da desistência de Friboi foi feito pelo jornalista Rodrigo Czepak, assessor de comunicação do empresário, em um comunicado lacônico no microblog Twitter: “@junior_friboi desiste da pré-candidatura do @pmdbgoias ao Governo de Goiás.” A desistência abre caminho para que o ex-governador Iris Rezende dispute o cargo.
Na carta, Friboi é duro com Iris: afirma em meias palavras que o ex-governador mentiu ao garantir que não seria candidato ao governo: “Quando decidi entrar na política, jurei a mim mesmo e à minha família que não me afastaria dos princípios em que sempre acreditei: falar a verdade e acreditar que os outros estejam fazendo o mesmo.” Friboi diz na carta que procurou Iris, amigo da família por décadas, e disse a ele que pretendia disputar o governo de Goiás. Teria lhe perguntado se ele tinha o mesmo plano. Se tivesse, não iria para o partido, pois não tinha o interesse de dividir a legenda. “Iris me disse naquela vez que não pretendia concorrer a governador, o que viria a reafirmar em várias conversas que tivemos depois. Me assegurou serem falsas as acusações de que não deixava nenhuma outra liderança crescer no PMDB. Que não tinha sido ele a impedir as candidaturas de Henrique Meirelles, Vanderlan Cardoso e a reeleição de Maguito Vilela. Eu acreditei, e me filiei ao PMDB.”
Desde o início do ano Friboi e Iris travam uma guerra interna no PMDB, quando Iris, até então distante do debate eleitoral, colocou-se como pré-candidato, alegando que as pesquisas (ele é o nome mais bem colocado entre as oposições no Estado, poucos pontos percentuais atrás do atual governador, Marconi Perillo-PSDB) o colocavam em melhores condições para a disputa.
Friboi, entretanto, bateu o pé. Confiante de que tinha o apoio de maioria das lideranças partido, anunciou em diversas oportunidades que estava disposto a enfrentar o velho cacique na convenção. Iris chegou a renunciar à pré-candidatura no dia 29 de abril com uma carta cheia de críticas indiretas a Friboi. “Nunca pensei que veria o PMDB dividido internamente e lançado ao mercado de especulações pouco republicanas", disparou o peemedebista, referindo-se à fortuna pessoal de Friboi.
A disputa entre Iris e Friboi causou uma fissura grave no partido. Aliados de Iris ignoraram a renúncia do líder e lançaram o movimento #voltaIris. Nesta quinta-feira um grupo de apoiadores do ex-governador promoveu uma passeata, com discursos ao final, no pátio do escritório político de Iris.
Outra razão, porém, pode ter interferido na decisão de Friboi. Refere-se ao vazamento de informações fiscais dando conta de que a empresa de sua família, o Grupo JBS, deve R$ 1,3 bilhão em ICMS ao Estado de Goiás. A empresa nega qualquer dívida, mas as suspeitas deixaram uma pergunta no ar: se eleito governador, Friboi teria a coragem de cumprir seu papel de gestor público e cobrar a dívida da família?
Esse seria o tom dado à campanha pelos adversários do empresário. E tudo que família de Friboi não quer é ver o nome da empresa envolvido numa campanha suja.
Leia a íntegra da carta:
CARTA ABERTA AOS COMPANHEIROS DO PMDB
Amigos,
Aprendi com meus pais os valores que guiam a minha vida. Os mais importantes são a verdade e a lealdade. Sempre me pautei por eles, e com sucesso. Quando decidi entrar na política, jurei a mim mesmo e à minha família que não me afastaria dos princípios em que sempre acreditei: falar a verdade e acreditar que os outros estejam fazendo o mesmo.
Meu primeiro movimento ao ser convidado para me filiar ao PMDB foi procurar Iris Rezende, amigo de minha família por décadas. Disse a ele que pretendia disputar o governo de Goiás e perguntei se ele tinha o mesmo plano. Se tivesse, eu não viria para o partido. Não tinha o interesse de dividir a legenda.
Iris me disse naquela vez que não pretendia concorrer a governador, o que viria a reafirmar em várias conversas que tivemos depois. Me assegurou serem falsas as acusações de que não deixava nenhuma outra liderança crescer no PMDB. Que não tinha sido ele a impedir as candidaturas de Henrique Meirelles, Vanderlan Cardoso e a reeleição de Maguito Vilela. Eu acreditei, e me filiei ao PMDB.
Nesse primeiro encontro, Iris me disse para viajar pelo interior de Goiás, conversar com os companheiros. Se o PMDB me abraçasse, ele me abraçaria. Foi o que fiz, e o PMDB me abraçou.
Apesar disso, Iris se lançou pré-candidato a governador. Respeitei sua disposição e mantive a mesma postura. Para minha alegria, a imensa maioria do partido apoiou meu nome e nossa proposta de renovação. Alguns dias depois, num gesto de grandeza, Iris renunciou à pré-candidatura, anunciando sua intenção de não dividir o partido.
Infelizmente, a renúncia dele não acabou com as intrigas de bastidor ou com os ataques contra mim. A perspectiva é a do PMDB chegar às eleições como um partido dividido, marcado pelas cicatrizes da luta interna.
Eu me comprometi a não dividir o PMDB e serei fiel à minha palavra. Neste momento retiro minha candidatura. Deixo o caminho aberto para Iris Rezende disputar mais uma vez o governo de Goiás. Acompanharei a disputa eleitoral como cidadão.
Deixo o processo eleitoral com o coração agradecido aos companheiros que honraram sua palavra e seus compromissos. E saio com a consciência tranquila de quem permaneceu fiel a seus valores.

Júnior Friboi

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