Rússia diz ter encontrado drogas em embarcação do Greenpeace
Organização diz que alegação de que havia drogas ilegais é 'pura invenção'.
Arctic Sunrise foi apreendido após ação em plataforma de petróleo.
O
navio Arctic Sunrise, do Greenpeace, é escoltado pela guarda costeira
russa na Baía de Kola, perto da base de Severomorsk. A Rússia entrou com
um processo acusando a ONG de pirataria depois que membros tentaram
invadir uma plataforma de petróleo. (Foto: Efrem Lukatsky/AP)
O comitê de investigação com sede em Moscou indicou, em um comunicado, ter achado na embarcação produtos entorpecentes, aparentemente dormideira (papoula) e morfina, assim como equipamentos tecnológicos suspeitos. Esses equipamentos tinham "um duplo propósito e poderiam ser utilizados não apenas para fins ecológicos", acrescenta o comitê.
Outro lado
"Qualquer declaração de que drogas ilegais foram encontradas no navio é pura invenção", respondeu a organização em nota. "Podemos somente presumir que as autoridades russas se referem às medicações obrigatórias que carregamos a bordo, o que é estipulado pela própria legislação marítima. O navio foi vistoriado semanas atrás pela Guarda Costeira Russa, que buscou provas criminosas em cada canto da embarcação, o que nos leva a crer que essa alegação, agora, foi pensada para desviar a atenção do julgamento em Murmansk, que sofre cada vez mais pressão internacional", argumenta o Greenpeace.
A organização diz que mantém uma rigorosa política contra drogas recreativas a bordo dos seus navios. "Antes de deixar a Noruega rumo ao Ártico russo, o navio foi vistoriado inclusive por um cão farejador, como norma padrão. As leis norueguesas estão entre as mais duras do mundo, e nada foi encontrado, porque não havia nada ilegal", diz a nota.
A ONG esclarece ainda que o Arctic Sunrise é considerado território holandês e, estando em águas internacionais, está sujeito às leis da Holanda. "É ilegal navegar um navio de bandeira holandesa sem os suprimentos médicos obrigatórios por lei. O navio tinha a bordo um médico totalmente capacitado com mais de dez anos de experiência em hospitais russos. Alguns dos remédios eram mantidos em segurança num cofre, sob acesso apenas do capitão e do médico. Sabemos que o cofre foi arrombado pelas autoridades russas durante a inspeção do navio. Presumimos que são esses os medicamentos aos quais o serviço de segurança russo se refere".
Os detidos, 28 ativistas do Greenpeace, incluindo a brasileira Ana Paula Alminhana Maciel, e dois jornalistas freelancers, foram presos em 18 de setembro após uma ação de protesto contra exploração de petróleo no Ártico.
A embarcação Arctic Sunrise foi interceptada pela guarda costeira russa no mar ao norte do país. Eles ficaram detidos no navio, sendo conduzidos posteriormente a um tribunal de Murmansk. Lá, foram colocados dentro de celas provisórias.
Os ativistas condenados procedem de 19 países: Brasil, Rússia, EUA, Argentina, Reino Unido, Canadá, Itália, Ucrânia, Nova Zelândia, Holanda, Dinamarca, Austrália, República Tcheca, Polônia, Turquia, Dinamarca, Finlândia, Suécia e França.
Garantia
O diretor do Greenpeace se ofereceu nesta quarta-feira para ir morar na Rússia e se colocar como garantia para viabilizar a libertação sob fiança dos 30 detidos. A oferta foi feita por meio de uma carta, escrita por Kumi Naidoo ao presidente russo, Vladimir Putin, vista pela Reuters e enviada nesta quarta-feira em seguida a uma decisão judicial de negar fiança a três dos detidos.
"Ofereço a mim mesmo como garantidor da boa conduta dos ativistas do Greenpeace, caso sejam libertados sob fiança", escreveu Naidoo na carta, na qual ele se ofereceu para "mudar sua vida para a Rússia enquanto durar o caso". Ele acrescentou que nem ele nem os ativistas se consideram acima da lei, e solicitou uma reunião urgente com Putin.
Fonte: G1
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