Valério diz que pagou despesas pessoais de Lula, segundo jornal

O empresário Marcos Valério Fernandes de Souza disse, em depoimento prestado em 24 de setembro à Procuradoria-Geral da República, que o esquema do mensalão ajudou a bancar despesas pessoais do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2003. A informação é da edição desta terça-feira do jornal "O Estado de S. Paulo".
O depoimento foi dado após o empresário ter sido condenado pelo STF (Supremo Tribunal Federal).


Segundo a reportagem, os recursos foram depositados na conta da empresa do ex-assessor da Presidência Freud Godoy.
O empresário, segundo o jornal, afirma ainda que o ex-presidente Lula deu aval para os empréstimos que serviriam de pagamentos a deputados da base aliada. Isso teria ocorrido em reunião no Palácio do Planalto com a presença do ex-ministro José Dirceu e do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares.
Marcelo Prates - 2.dez.2011/Hoje em Dia/Folhapress
Marcos Valério, quando foi preso em dezembro de 2011
Marcos Valério, quando foi preso em dezembro de 2011
Dirceu teria dito que Delúbio, quando negociava, falava em seu nome e no de Lula. Procurado pelo jornal, o advogado de Dirceu negou a acusação.
Em setembro passado, Marcos Valério havia procurado o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, afirmando ter novas informações a apresentar sobre o caso do mensalão.
De acordo com o que a Folha apurou, um depoimento do empresário mineiro foi prestado na ocasião às procuradoras Raquel Branquinho e Cláudia Sampaio --esta última mulher de Gurgel.
Uma possível estratégia de Valério seria buscar, com eventuais novas informações, a sua inclusão no programa de proteção a testemunhas, o que, na prática, poderia reduzir a sua pena no julgamento do Supremo. A redução da pena não evitaria sua condenação, mas, por exemplo, poderia livrá-lo do regime fechado na prisão.
O empresário foi condenado a mais de 40 anos por formação de quadrilha, corrupção ativa, peculato e lavagem de dinheiro. Como a soma supera oito anos, o empresário deve cumprir parte da pena em regime fechado.
No mesmo depoimento, Valério teria dito que os R$ 4 milhões pedidos por seus advogados para defendê-lo no processo foram pagos pelo PT. Segundo ele, essa foi a única "contrapartida" por sua participação no mensalão.
AMEAÇAS
No fim de setembro, o Supremo Tribunal Federal recebeu um fax, assinado pela defesa do empresário Marcos Valério, pedindo para ser ouvido e relatando correr risco de vida.
Ao receber o recado, o presidente da corte, ministro Carlos Ayres Britto, determinou sigilo e encaminhou o documento ao relator do caso, Joaquim Barbosa.
O STF confirmou ter recebido a mensagem, mas não divulgou o conteúdo, quem assinou, nem mesmo em que data a mensagem chegou.
Valério teria dito, em seu depoimento à Procuradoria-Geral, que o diretor do Instituto Lula e amigo do ex- presidente, Paulo Okamotto, teria o ameaçado de morte, caso ele "contasse o que sabia". Segundo o empresário, Okamotto o teria procurado por ordem de Lula.
"Tem gente no PT que acha que a gente devia matar você", teria dito Okamotto. Procurada pelo jornal, a assessoria do diretor informou que ele responderá às acusações "quando souber o teor do documento".
CASO CELSO DANIEL
Reportagem da revista "Veja" do início de novembro informou que Marcos Valério revelou em depoimento recente ao Ministério Público Federal ter detalhes envolvendo o PT no assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel, em janeiro de 2002.
Segundo a reportagem, Valério disse que o ex-presidente Lula e o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, estavam sendo extorquidos por figuras ligadas ao crime de Santo André.
Ronan Maria Pinto, que é apontado pelo Ministério Público como integrante de um esquema de cobrança de propina na prefeitura, seria um dos suspeitos de chantagear Lula e Carvalho.
A revista diz que Valério foi procurado por petistas para pagar o dinheiro da chantagem, mas que ele teria se recusado. Segundo ele, quem teria ficado com a missão seria um amigo pessoal de Lula, que utilizou um banco não citado no mensalão.

Acusado de intermediar repasse do mensalão a Lula ainda recebe do PT

Apontado pelo publicitário Marcos Valério como intermediário para o repasse de dinheiro do mensalão para pagamento de despesas pessoais do ex-presidente Lula, Freud Godoy continua recebendo pagamentos do PT.
Até o ano passado, a empresa dele, a Caso Sistemas de Seguranças, recebeu mais de R$ 1 milhão do fundo partidário da sigla.




Fachada da empresa Caso Tecnologia em Segurança, dirigida pelo 
ex-assessor de Lula Freud Godoy, em Santo André
Fachada da empresa Caso Tecnologia em Segurança, dirigida pelo ex-assessor Freud Godoy, em Santo André
Além disso, ela é contratada do gabinete do deputado Ricardo Berzoini (SP), ex-presidente do PT, do qual recebeu R$ 138 mil da Câmara, da verba indenizatória.
Fundada em junho de 2003, poucos meses depois de Lula assumir a Presidência, a Caso está atualmente em nome da mulher de Freud, Simone Godoy. Ele deixou formalmente a sociedade em 2009, mas continua atuando como seu diretor.
O PT paga mensalmente cerca de R$ 26 mil à empresa.
A Folha teve acesso a notas fiscais anexadas pelo PT na prestação de contas do partido de 2011 referente a "serviço de vigilância". As notas variam de R$ 26.813,00 a R$ 32.408,00. A prestação mostra que os pagamentos ocorrem desde 2008.
Em depoimento à Procuradoria-Geral da República, revelado pelo jornal "O Estado de S. Paulo", Valério afirmou que, em 2003, foram feitos dois repasses para Lula, por meio da empresa de Freud.
À TV Globo Freud negou ter recebido de Valério e ter pago despesas de Lula. Disse também que processaria o empresário. Ele recusou pedidos de entrevista da Folha.
Um funcionário atendeu telefonemas na empresa e informou que são cerca de 70 funcionários. Entre os clientes estão sindicatos.
Assessor da Presidência durante o primeiro mandato de Lula, Freud era apontado como seu "faz-tudo" e coordenou a segurança de quatro campanhas presidenciais do petista. A empresa dele também trabalhou na campanha de Dilma Rousseff. O valor cobrado: R$ 2.880.
Já os pagamentos mensais do gabinete de Berzoini à empresa variam de R$ 3.000 a R$ 4.500 e estão registrados na Câmara sob a rubrica "serviço de segurança prestado por empresa especializada".
A relação de Freud Godoy e o deputado Ricardo Berzoini é antiga. Em 2006, Freud foi implicado na história dos aloprados, quando petistas teriam negociado um dossiê contra adversários tucanos.
Ex-presidente do PT, Berzoini confirmou, na época, a existência de 32 ligações entre telefones de seu comitê de campanha em São Paulo e a Caso Sistema de Segurança. Mas Berzoini negou qualquer vínculo com a compra do dossiê por R$ 1,7 milhão.
Berzoini disse contratar a Caso para prestar segurança em seu escritório político em São Paulo, sem dar detalhes. O PT não atendeu ao pedido de entrevista da Folha.

Oposição pede investigação sobre envolvimento de Lula com mensalão

Integrantes da oposição apresentaram nesta quarta-feira (12) pedido de investigação na Procuradoria-Geral da República contra o ex-presidente Lula.
O pedido tem como base o depoimento prestado pelo empresário Marco Valério ao PGR, divulgado pelo jornal "O Estado de S. Paulo".
Segundo o jornal, o empresário relatou que pagou despesas pessoais de Lula em 2003, por meio de depósitos na conta de uma empresa do ex-assessor pessoal de Lula, Freud Godoy.


"As acusações são gravíssimas e precisam ser investigadas a fundo. Não está se tratando mais de suposições, elucubrações, presunções ou teorias, como gostavam de afirmar os réus já condenados na AP 470, agora é imperioso que a sociedade receba de Vossa Excelência mais uma pronta e certeira resposta, para confirmar ou não os fatos relatados pelo sr. Marcos Valério Fernandes de Souza que indicam a participação direta do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva no esquema do "mensalão", diz trecho da representação.
O documento é assinado pelos líderes do PSDB, DEM e PPS do Congresso.
"É verdade que o Marco Valério não tem legitimidade, mas os fatos apontados são circunstanciados. Tem fatos que ele relata que tem amarrações contundentes e por isso estamos pedindo que eles sejam investigados", disse à Folha o presidente do DEM, senador Agripino Maia (RN).
"A investigação do ex-presidente Lula é um capítulo ainda não escrito na história do mensalão. Cabe ao Ministério Público começar a escrevê-lo", afirmou o líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR).
O senador criticou o silêncio do ex-presidente Lula sobre as declarações de Marco Valério. Após evento realizado ontem em Paris, Lula se esquivou da imprensa e limitou-se a dizer que o depoimento do empresário é "mentira".
"O ex-presidente Lula sempre foi falante e nesse caso ele está calado. O silêncio não é bom conselheiro nessa hora", afirmou Dias.
O senador considerou como uma "estratégia ridícula" de integrantes do PT de convidarem o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para prestar esclarecimentos no Congresso.
Numa manobra articulada com o senador Fernando Collor (PTB-AL), a base do governo conseguiu aprovar no início da tarde desta quarta-feira convites para que o procurador-geral da República, Roberto Gurgel e FHC, prestem depoimentos à Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência.
A justificativa envolve o esclarecimento de "informações contraditórias sobre documento relativo a doações a agentes políticos que teriam sido levadas a efeito por Furnas". Trata-se da chamada Lista de Furnas, que veio à tona durante o escândalo do mensalão e que trazia supostas doações ilegais de Furnas a diversos políticos do PSDB.
"É uma estratégia ridícula procurar uma estratégia vencida. Já superada. Se não denunciaram na época certamente porque não encontraram consistência para a denúncia", disse Álvaro Dias.
Autor dos requerimentos, o líder do PT, Jilmar Tatto (SP), disse que também vai recorrer ao presidente da Câmara, Marco Maia (RS) para que a "CPI da Privataria" seja instalada na Casa.
"Há necessidade de investigações porque estamos falando de um período nebuloso na história do país. O maior escândalo da história do Brasil, do PSDB, do governo Fernando Henrique foi o processo de privatização que ainda não está claro", disse Tatto
 Fonte: Folha On Line

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