Debate: números e críticas para defender ideias
DEP. JOÃO FED. SALAME E DEP. FED. LIRA MAIA
DEP. FED. SALAME - FRENTE PRO - CARAJÁS
DEP. FED. LIRA MAIA - FRENTE PRO- TAPAJÓS
DEP. EST. CELSON SABINO - FRENTE DO NÃO TAPAJÓS
DEP. FED. ZENALDO COUTINHO - FRENTE DO NÃO CARAJÁS
DEP. FED. SALAME - FRENTE PRO - CARAJÁS
DEP. FED. LIRA MAIA - FRENTE PRO- TAPAJÓS
DEP. EST. CELSON SABINO - FRENTE DO NÃO TAPAJÓS
DEP. FED. ZENALDO COUTINHO - FRENTE DO NÃO CARAJÁS
(Foto: Jaime Souzza)
No começo do debate realizado
nesta quinta-feira (1º) pela RBATV, os destaques foram os presidentes
das frentes a favor e contra a criação do Carajás, deputados João Salame
e Zenaldo Coutinho. O debate sobre os números do Fundo de Participação
dos Estados (FPE) prevaleceu no início, inclusive, com Zenaldo Coutinho e
João Salame se acusando mutuamente de propagação de mentiras. No
segundo bloco, Joaquim Lira Maia acusou Celso Sabino da frente contra
Tapajós de ter um discurso decorado contra a divisão. Mais uma vez a
guerra de números prevaleceu nas acusações entre os debatedores. “Desde o
tempo do Barata o PIB do Tapajós é o mesmo”, afirmou Maia.
Porém, Celso Sabino acusou as frentes do
sim de só levarem em consideração os estudos do economista contratado
por eles e de ignorar os dados que apontam a inviabilidade da criação de
novos Estados.
Em seguida, Zenaldo Coutinho se refere à
divisão como esquartejamento do Pará e os representantes das frentes do
sim usam sucessivas comparações com a criação dos Estados Tocantins e
Mato Grosso do Sul, criados, a partir da divisão do Mato Grosso e Goiás.
BASE
João Salame foi o mais enfático no
discurso, inclusive, criticando a administração estadual, mesmo sendo
aliado e integrante da base governista na Assembleia Legislativa. “Isso é
uma vergonha o Estado não ter dinheiro pra pagar o piso salarial dos
professores”, criticou e disse que a criação de novos Estados é a
solução pra desenvolver os três Estados: Pará, Carajás e Tapajós.
“Não estamos preocupados com tamanho do
Pará, estou preocupado com o tamanho dos problemas do Pará”, respondeu
Lira Maia aos questionamentos de Celso Sabino. “Eles querem reduzir o
Pará a 17% do seu território, tramado por meia dúzia de políticos”,
rebateu Sabino. Porém, Maia disse que o discurso dos altos custos da
máquina pública dos contrários à divisão é falácia e garantiu que no
início do Estado do Tapajós a administração será feita em acampamentos.
O quarto bloco não diferiu dos três
primeiros, com ambas as frentes repetindo as mesmas propostas à
exaustão. Enquanto as frentes contra a divisão questionavam a toda hora
de onde os separatistas tirariam recursos para viabilizar economicamente
os Estados; os favoráveis à divisão acusavam os contrários à divisão de
não apresentarem propostas concretas para resolver os graves problemas
sociais e econômicos do Estado.
SANTARÉM
Sabino afirmou que o povo de Santarém
devia estar “achando graça” de Maia. “O que o senhor, que já foi
deputado e prefeito fez para melhorar a qualidade de vida do povo de
Santarém? Como agora vem querer resolver todos os problemas do povo do
Pará?. Na sua réplica, Maia disse que o que estava em debate não era
Santarém. Segundo o santareno, “o que o povo quer saber são das
propostas do não”. Na tréplica, Sabino afirmou que Maia estava agindo de
má fé ao não apontar as fontes de recursos para financiar os novos
Estados.
João Salame indagou a Zenaldo Coutinho
que propostas tinha para resolver o déficit de policiais no Pará,
apresentando a relação policial/habitante em cada município. Coutinho
retrucou afirmando que a proposta do sim era “indecente” e que só
beneficiaria alguns políticos e empresários, citando ainda a luta pela
aprovação da taxa de R$ 6 nos minérios, a mudança da Lei Kandir e a
união do povo paraense como propostas para ajudar o Pará.
Na réplica, Salame afirmou que quando a
Lei Kandir foi aprovada Fernando Henrique Cardoso era presidente, Almir
Gabriel governador e Zenaldo presidente da AL. “Aqui no Pará todos se
calaram. Tudo enganação”. Na tréplica Coutinho repetiu todas as
propostas anteriores e deixou claro que nunca foi a favor da Lei Kandir.
LINHA
Na sua vez de perguntar, Sabino indagou
Maia sobre a linha agressiva dos programas do sim, que colocam o Pará
como o pior lugar para se morar e mostravam paraenses sendo estapeados.
Lira Maia afirmou que falar a verdade não é desrespeito. “Precisamos ser
ousados e criar novos estados para ajudar a resolver os problemas que
hoje existem”. Na tréplica Sabino citou o fato dos autores intelectuais
do plebiscito serem senadores de outros Estados que respondem a
processos no STF. Lira Maia treplicou reafirmando que o não dissemina o
medo e não tem propostas.
Em seguida Coutinho indagou a Salame
sobre o que achava de Simão Jatene. O deputado disse que sua questão com
o governador não era pessoal e que respeitava Jatene, que considerou um
homem de qualidades. “Infelizmente nesse plebiscito o governador se
posicionou muito mal. Minha relação é de aliado do governo e não de
submissão. Não sou puxa-saco”. Na réplica Coutinho disse estar feliz por
Salame ter desmentido o teor do programa de TV apresentado na véspera e
reconhecido as qualidades do governador. “O marqueteiro vai embora e
nós vamos continuar aqui, continuando a construir o Pará”. Ao treplicar,
Salame acusou Zenaldo de ter se calado contra a Lei Kandir.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nas considerações finais, os
representantes de cada uma das frentes acharam ter dado seu recado e
esclarecido o eleitor. “Se o Pará for dividido, só quem tem a perder é o
povo, que deve lutar contra essa proposta absurda de dividir o Pará”,
destacou Celso Sabino. Zenaldo Coutinho disse que todos acompanharam “as
propostas falsas e indecentes” dos separatistas que “querem deixar um
parazinho para nós”. Coutinho também citou o fato de João Salame ter
elogiado o governador “pois foi sempre governo”.
Lira Maia disse representar o desejo do
povo tapajônico que há mais de 150 anos luta pela sua emancipação. “Mais
de 90% dos santarenos sequer conhece a capital e nossa proposta é para
ajudar os pobres e dar mais oportunidade aos governantes para investir
nos novos Estados”. João Salame criticou o fato do Não fazer
“terrorismo” sem apresentar propostas para melhorar a saúde, educação e
segurança. “Você que deu uma oportunidade ao Lula, dê uma oportunidade
ao Sim. Tenha coragem e não vai se arrepender”, surpreendeu o deputado
do PPS, que faz oposição ao governo Dilma.
Duelo de jingles e bandeiras
Dois grandes trios elétricos animaram os
partidários do sim e do não que assistiram ao debate na avenida
Almirante Barroso, em frente ao prédio do grupo RBA. Vestidos a caráter,
com as cores do sim (verde e amarelo) e do não (vermelho e branco) e
portando cartazes e bandeiras, eles travaram uma verdadeira batalha de
jingles e bandeiradas. Os candidatos foram recebidos com muitos
aplausos.
A metade da pista direita da Almirante
Barroso, no sentido São Brás/Entroncamento ficou interditada. A chuva
atrapalhou, mas não tirou o ânimo dos militantes, que assistiram a tudo
por meio de dois grandes telões instalados na frente e ao lado do
prédio, onde os grupos ficaram concentrados.
Os ambulantes aproveitaram a movimentação para faturar, vendendo bebidas e churrasquinhos.
A cada manifestação dos representantes
das frentes contra ou a favor dos estado de Carajás e Tapajós, eles eram
aplaudidos ou vaiados. Nos intervalos do debate os ânimos se acirravam,
mas a presença da polícia e a turma do deixa disso evitaram qualquer
atrito entre os dois lados.
No final do debate, não houve maiores manifestação na saída dos representantes das frentes. O povo gostou.
(Diário do Pará)
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