Comissão vota nesta terça projeto que proíbe pais de bater nos filhos
Autora do novo texto da Lei da Palmada, deputada
Teresa Surita (PMDB-RR) diz que objetivo não é
impedir que pais imponham limites aos filhos.
(Foto: Beto Oliveira/Agência Câmara)
O projeto de lei que proíbe os pais de baterem nos filhos será votado
em caráter conclusivo nesta terça-feira (13), às 14h30, na Comissão
Especial criada na Câmara dos Deputados para analisar a matéria. Se
aprovada, a chamada "Lei da Palmada" irá direto para votação no Senado, a
não ser que seja protocolado recurso com assinatura de 10% dos
deputados para que a matéria seja apreciada em plenário.
Após a realização de uma série de audiências públicas com
especialistas, a relatora da proposta na Comissão Especial, deputada
Teresa Surita (PMDB-RR), apresentou substitutivo ao projeto, com
pequenas alterações ao texto original.
Foi incluído artigo que prevê multa de três a 20 salários mínimos a
médico, professor ou ocupante de cargo público que deixar de denunciar
casos de agressão a crianças ou adolescentes.
"Educar batendo traz transtornos e consequências graves à vítima da
violência para o resto da vida. Não se trata de impedir que os pais
imponham limites aos filhos, mas sim que esses limites não sejam
impostos por meio de agressões", disse a deputada ao G1.
Para a presidente da Comissão Especial, deputada Érika Kokay (PT-DF), a
proibição de castigo corporal no âmbito familiar tornará a sociedade
como um todo menos violenta. "Com a lei, as famílias vão formar pessoas
mais íntegras e honestas, porque você elimina a relação do forte dominar
o mais fraco. Quem é agredido aprende a resolver conflitos através da
violência e a subjugar o mais fraco", defendeu.
Segundo ela, a expectativa é de que o texto seja aprovado por ampla
maioria. "Não conheço ninguém que seja contra a proposta na comissão. A
comissão está bem madura para oferecer à sociedade uma lei que assegure
os direitos das crianças sem castigos corporais", afirmou.
Pelo projeto, crianças e adolescentes "têm o direito de serem educados e
cuidados sem o uso de castigo corporal ou de tratamento cruel ou
degradante, como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer
outro pretexto, pelos pais, pelos integrantes da família ampliada, pelos
responsáveis, pelos agentes públicos executores de medidas
socioeducativas ou por qualquer pessoa encarregada de cuidar, tratar,
educar ou proteger".
Para os pais ou responsáveis que agredirem as crianças, a "Lei da
Palmada" prevê encaminhamento a programa oficial de proteção à família e
a cursos de orientação, tratamento psicológico ou psiquiátrico, além de
advertência. A criança que sofrer a agressão deverá ser encaminhada a
tratamento especializado.
A relatora do projeto destacou que não há punições severas aos
agressores, como a perda da guarda dos filhos, o que garante que a
cultura de evitar "palmadas" no processo de educação da criança seja
inserida progressivamente na sociedade. "O projeto não prevê
interferência do Estado na família. A mudança dessa cultura vai se dar
ao longo dos tempos", disse.
Contrário, Jair Bolsonaro (PP-RJ) argumenta que lei
representa interferência do Estado na família.
(Foto: Leonardo Prado / Agência Câmara)
Contrário à proposta, o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) afirmou ao G1 que
vai protocolar recurso para que o texto precise passar por votação no
plenário da Câmara antes de seguir para o Senado. "Eu vou entrar com
recurso. Tem outros deputados contrários, principalmente da bancada
evangélica", disse.
Para Bolsonaro, a palmada é instrumento "importante" dos pais na
educação dos filhos. "O ser humano só respeita quando teme. Tem que
botar ordem no negócio. A palmada é o último argumento, mas a criança
precisa saber que pode levar", argumentou.
O deputado afirmou que a lei é uma "interferência do Estado na
família". "Na ditadura militar se dizia: 'O país se constrói com homens e
livros. Hoje, pelo visto, se constrói com gays, kit anti-homofobia do
MEC [Ministério da Educação], e abolindo chinelos," protestou.
Fonte: G1
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