'O Palmeiras é o rival que mais me incomoda', diz Andrés Sanchez

Em entrevista ao 'Estado', dirigente corintiano admite rivalidade e garante título da Libertadores até 2014

 A possibilidade de conquistar o título mais importante pelo Corinthians coincidiu com sua despedida da presidência. E o jogo da última rodada do Campeonato Brasileiro que definirá a temporada será disputado contra seu maior rival, o Palmeiras, que jogará "a honra" domingo, 4, como disse o chileno Valdivia.


Andrés Sanchez diz que não pensa mais na presidência do Corinthians: 'Nunca mais' - Clayton de Souza/AE

Andrés Sanchez diz que não pensa mais na presidência do Corinthians: 'Nunca mais'
Não será fácil a semana para Andres Sanches, ainda que ele diga que uma nova conquista não terá um sabor especial. "Nunca prometi títulos, só reestruturar o clube", disse ele com exclusividade ao JT numa entrevista concedida em Florianópolis no hotel onde o time se concentrava para enfrentar o Figueirense no último domingo. Mas o Andrés que diz não prometer títulos à torcida não se furta em projetar que o Timão finalmente será campeão da Libertadores (para 2012 já está classificado). "De 2014 não passa", aposta. Leia a seguir os principais trechos da entrevista.
O que significaria a conquista de um Campeonato Brasileiro para Andres Sanches a poucos dias de deixar a presidência do Corinthians?
Desde que assumi o clube nunca prometi título, só prometi reestruturação. É pouco quatro títulos em quatro anos? E se eu ficasse 15 anos, então ganharia 15 títulos? Quem mais títulos ganhou pelo Corinthians (referência a Alberto Dualib) quanto tempo ficou?
No seu mandato, faltou um título da Libertadores…
A Libertadores vai faltar sempre até ganhar uma. Pela primeira vez vamos disputar a competição pelo terceiro ano seguido. É histórico. Se disputar mais três seguidas vai ganhar, pode ser até ano que vem. De 2014 não passa.
Qual foi o rival que mais o incomodou nesses quatro anos?
O Palmeiras é o que mais incomoda. O que mais me incomodou, foram vários. O Flamengo, porque tirou
a gente de uma Copa Libertadores em um jogo que não podíamos perder. Mas o maior rival é o Palmeiras.
Continuará à frente das obras do estádio após sair da presidência?
Continuo conselheiro do clube e continuo muito corintiano. E é óbvio que se o clube necessitar vou ajudar no que diz respeito ao estádio. E ganhando meu candidato (Mário Gobbi), vou dar apoio.
Sua saída pode atrapalhar o andamento das obras?
Não atrapalha, mas é óbvio que você foi dormir com uma princesa e de repente você não sabe com quem vai acordar. Você fala com qualquer segmento, Fifa, CBF, Odebrecht, todos os envolvidos, prefeito, governo. Quem fez tudo, quem articulou, fui eu. As pessoas podem ficar preocupadas, mas não é para se desesperar.
Quem ficará à frente da construção do estádio?
Quem vai comandar o estádio será o próximo presidente e quem ele determinar. Não vai existir uma comissão do estádio. Comissão para quê? O problema do Corinthians é que já tem muitos grupinhos. Se tiver cinco, seis grupos, vira Palmeiras, vira Corinthians de seis anos atrás. Tem de ter oposição, mas sadia. Se não, fica uma guerra.
Qual será o modelo de negócio do Itaquerão?
O modelo foi feito a oito mãos, e posso assegurar que será um dos mais rentáveis do mundo. O projeto é um pouco americano, um pouco europeu, um pouco brasileiro. Não haverá show no gramado, gramado é pra jogar futebol, mas sim no entorno dele.
Quanto o estádio vai gerar de receitas para o clube?
O dobro do que o clube arrecada hoje, algo em torno de R$ 300 milhões. Vai dar uns R$ 600 milhões por ano somando tudo, bilheteria, patrocínio.
O Corinthians recusou uma proposta de R$ 200 milhões por dez anos pelos naming rigths?
Recusei. Não sei quanto podemos ganhar, mas sei que não são R$ 200 milhões. Não vou falar em valores, estamos negociando com seis, sete empresas, de fora e de dentro. Até março isso estará definido.
Até março? Não é cedo?
Não, até porque assim não falam mais Itaquerão. Quanto mais demorar, mais (o estádio) terá apelido.
Muitas pessoas, até alguns corintianos, são contra a construção de mais um estádio em São Paulo com o argumento de que será usado dinheiro público.
O que você acha de quem é contra o Itaquerão?
Inveja, inveja, porque são ignorantes. O São Paulo tem o Morumbi, o Palmeiras, a Arena, e o Corinthians, o dele.
Está preparado para deixar a presidência do Corinthians?
Vivi quase toda a minha vida sem ser presidente. Eu dizia que não queria mais trabalhar no futebol depois de deixar a presidência do Corinthians. Mas não pude negar o pedido, o convite (ser diretor de seleções da CBF) do Ricardo Teixeira, e virar as costas para a nação. Você tomar conta da Seleção com a Copa no Brasil é uma responsabilidade muito grande, e é isso que me levou a aceitar, vontade eu até tinha pouca. Minha família era contra. Acho que vou ter mais problemas. No Corinthians eu dominava as coisas, lá as coisas serão novas.
O que mais te chateou nos quatro anos na presidência?
Uma parte da imprensa, que quer saber mais da minha vida pessoal do que o que eu faço no Corinthians. Querem saber se tomo um litro de uísque, se fumo três maços de cigarro, com quem namoro… Eu me senti discriminado. No Brasil, se você faz sucesso você é ladrão, bandido ou veado; se é mulher bonita, é prostituta. Fiquei decepcionado como brasileiro. Dedico 23 horas do meu dia ao Corinthians, é jornalista me ligando meia-noite, me ligando seis da manhã, liga amigo. É pesado. Talvez até piore, mas infelizmente tenho de carregar esse ônus.
Mas se vai piorar por que aceitou o cargo na CBF?
Porque acho que vai ser importante e não podia falar não para o Ricardo Teixeira e virar as costas para a nação. Pesou minha relação com o Ricardo. Ele foi parceiro do Corinthians, meu, parceiro não de ganhar. Estou dizendo coisas que existem no futebol e os jornalistas não acreditam muito. Calendário, horário… Aparentemente ele parece um cara fechado, mas com dirigentes ele fala muito.
Assumir o cargo de diretor de seleções significa que você é candidato a suceder Ricardo Teixeira?
Não tenho obrigação nenhuma. O Ricardo tem mandato até 2015, e depois são as federações, clubes, que vão decidir o próximo presidente. Não trabalhei para esse cargo, não fiz campanha, só trabalhei bastante para ser presidente do Corinthians.
E se o Ricardo Teixeira pedir?
Faltam quatro, cincos anos, ninguém sabe o que vai
acontecer. E se eu falar que não tenho pretensão e daqui a cinco anos acontece? Vão falar: tá vendo, ele disse que não queria. Tem muita gente na minha frente para suceder o Ricardo.
Qual o principal desafio que terá o próximo presidente do Corinthians?
O próximo presidente terá de acabar com o amador, fazer uma reengenharia total. E vai ter caixa para isso. Vai ter melhores condições para trazer jogadores jovens. E também acho que talvez no final do próximo ano o clube vai poder trazer jogadores sem parceria, sem essas coisas de empresários. A independência financeira será maior. O Corinthians vai montar centros de treinamento em todo o Brasil. A meta dos próximos três, quatro anos, é ter 60%, 70% do time titular vindo da base.
O que será da Fazendinha?
O novo presidente já terá um projeto para fazer uma arena de shows. Onde é a Fazendinha hoje vai deixar de existir o campo de futebol.

Acabar com o campo?
Não tem problema, os que não querem é porque não olham para o futuro.
Pensa em se candidatar mais uma vez a presidente do Corinthians?
Espero que nunca mais.

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