Líderes católicos pedem ao povo que diga Sim
Foto: MDutra
Igreja De Santarém apóia 77
Manifesto
do Conselho Diocesano de Pastoral sobre o Plebiscito que se refere ao
Projeto de Criação dos Estados do Tapajós e Carajás.
Com
autorização do Conselho Diocesano de Pastoral da Diocese de Santarém
que se reuniu em Emaús nos dias 04 e 05 de novembro de 2011, os
participantes do Seminário que
se realiza nos dias 24 a 26 de novembro se manifestam sobre o Projeto
de criação dos novos Estados do Tapajós e Carajás, objeto do plebiscito
marcado para o dia 11 de dezembro.
Conforme
o professor Manuel Dutra da UFPA, “As ideias de criação do Estado do
Tapajós vão e vêm como em surtos. Há momentos, como o atual, de grande
efervescência. Em seguida, a história mostra que houve períodos de
grande silêncio para, mais adiante, retornar à ordem do dia”.
Em
1849, o historiador Francisco Adolfo de Varnhagen, o Barão de Porto
Seguro, elaborou o primeiro estudo de reordenamento territorial e
político do Brasil, aparecendo o Pará como objeto de três subdivisões,
sem mencionar o Tapajós.
O
militar Augusto Fausto de Souza, mais tarde integrante do Instituto
Histórico e Geográfico Brasileiro, propôs, em 1877, a divisão do Império
em 40 províncias, aparecendo em sua proposta o Tapajós.
Em
1883, em Santarém, surgiu o primeiro movimento organizado com o
objetivo de alcançar a autonomia. Foi fundada, naquele ano, uma
sociedade literária que tinha em seu estatuto social um item pelo qual
se dispunha a propugnar pela “separação do Baixo Amazonas da Província
do Pará”, segundo se lê em Paulo Rodrigues dos Santos.
O
movimento pela divisão territorial na Amazônia é de muitos anos, e
sempre pelas mesmas razões: extensas dimensões geográficas, concentração
de poder na capital da província, marginalização das áreas afastadas do
centro de decisão... Com certeza, essas razões são fundamentais para
justificar a luta pela emancipação. Mas, o agravante principal ao longo
dos anos é a falta de políticas públicas que venham atender às reais
necessidades da população.
No
caso específico da região Oeste do Pará, os governos que passaram, não
tiveram o cuidado e a preocupação de planejar um estado para todos os
homens e mulheres que aqui vivem. As ações foram concentradas na região
metropolitana de Belém, sem ser considerada a extensão geográfica do
Pará (1.253.164,49 km2) e o direto da população com suas específicas
realidades e necessidades.
Há pessoas e grupos afirmando que o Oeste do Estado é inviável
economicamente e que a nação terá um ônus exorbitante para instalar o
novo estado nos primeiros anos. Curiosamente, ninguém denuncia o saque
aos cofres da nação para construir 10 estádios e vários aeroportos,
apenas em função da Copa do mundo (2014) e das olimpíadas (2016). São
mais de 10 bilhões de reais que estão sendo gastos em vista de um
evento. Enquanto que, para construir a infraestrutura do novo Estado, o
gasto será reposto ao longo do tempo com as riquezas que saem do seu
solo.
O
movimento pela emancipação do Tapajós e Carajás significa que cresce a
consciência cidadã dos habitantes dessas regiões e sua responsabilidade
histórica para contribuir no processo de construção de Estados
democráticos, socialmente justos e ambientalmente sustentáveis. Por
isso, em nenhum momento, podemos pensar que a criação dos novos Estados
vão trazer, de imediato, mudanças profundas e rápidas. A transformação
de estruturas antigas viciadas é um processo lento e dolorido que exige a
participação decisiva do povo.
Para que o passo seja dado, é importante votar 77 SIM,
no dia 11 de dezembro. Aprovado o Estado do Tapajós, precisamos estar
juntos, como sociedade civil organizada, participando da elaboração da
Constituição do novo Estado, para que possamos dizer como queremos o
novo Estado.
Não
queremos um Estado subjugado pelas elites: oligarquias políticas,
industriais e comerciais. Não precisamos simplesmente de mais um Estado.
Queremos um Estado livre de corrupção, realmente preocupado em
encontrar saídas para os grandes problemas da população: educação,
saúde, infra-estrutura, saneamento básico, moradia, regularização
fundiária, segurança, trabalho e emprego. Precisamos de um governo
presente em todos os municípios do novo Estado, reconhecendo e
valorizando as representações da sociedade civil, ouvindo de perto os
clamores do povo e dando respostas às suas reais necessidades. Igual aos
anteriores, não serve. Não podemos permitir que prevaleça a lei dos
grupos mais fortes, pois isso significa compactuar com o que temos hoje.
Por
tudo isso, como membros do povo de Deus da Diocese de Santarém,
conscientes da importância de nossa participação nesse processo,
manifestamos que somos favoráveis ao 77 do SIM e conclamamos as
comunidades eclesiais, pastorais e movimentos unidos à Igreja Católica
em toda a nossa diocese, bem como todos os eleitores do Estado do Pará a
comparecerem ao Plebiscito no dia 11 de dezembro e a votarem SIM pela
emancipação do Tapajós e do Carajás.
Seja
agora, seja posteriormente, guardamos no coração a palavra de Jesus:
“Eu vim para que todos tenham vida, e a tenham em abundância” (Jo
10,10).
Santarém, 25 de novembro de 2011.
Conselho Diocesano de Pastoral (CDP)
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