Divisão do Pará em três prejudica PT e favorece rivais, diz pesquisa


Divisão do Pará em três prejudica PT e favorece rivais, diz pesquisaEleitorado petista no estado é mais espalhado do que o dos dois principais adversários, PMDB e PSDB, dificultando eleição de candidatos com criação de Tapajós e Carajás, segundo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Um outro estudo calcula em R$ 2,7 bi gasto público com divisão. Pesquisa mostra que 61% ficarão contra no plebiscito de 11 de dezembro.
Najla Passos
BRASÍLIA – Dos grandes partidos, o PT será o mais prejudicado caso a população local aprove a divisão do Pará em mais duas unidades da federação, Tapajós e Carajás, no dia 11 de dezembro, quando ocorrerá plebiscito organizado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para definir o futuro do segundo maior estado brasileiro.
Estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) nesta segunda-feira (28) mostra que a divisão territorial favorece partidos e candidatos com grande concentração de votos em regiões específicas. E esse não é o caso do PT, cujo eleitorado no Pará está mais disperso pelo estado do que o dois grandes concorrentes.
Conduzido pelo técnico Paulo de Tarso Linhares, o estudo identificou um coeficiente eleitoral dos partidos a partir de uma “régua” que vai de 0 a 1. Quanto maior o número, mais fragmentados são os votos e, consequentemente, maior dificuldade para o partido eleger candidatos. O PT obteve coeficiente de 0,4, o PSDB de 0,3 e o PMDB, de 0,24.
Os três são os principais partidos no Pará. Dos 17 deputados federais do estado, cinco são petistas, quatro, peemedebistas e três, tucanos.
Para Paulo de Tarso, a separação ainda pode gerar problemas de coordenação entre entes da federação, ao promover, principalmente, a redistribuição do poder nos partidos políticos, entre grupos de interesse e na federação brasileira e ao ampliar a sub-representação de alguns estados membros.
Um outro estudo do Ipea sobre a divisão do Pará, mas do ponto de vista econômico e em parceira com o Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará (Idesp), diz que o desmembramento acarretaria aos cofres públicos déficit anual de cerca de R$ 2,7 bilhões.
Não se sabe ao certo, até agora, de onde sairá o dinheiro necessário para financiar as pretensas novas unidades da federação. Se do Fundo de Participação dos Estados (FPE), o que prejudicaria as demais unidades federativas, se de repasses extras da União, como foi feito quando Tocantins foi desmembrado de Goiás, ou se haverá uma terceira alternativa, ainda não apresentada.
Desigualdade
A pesquisa demonstra que os estados nascerão em condições de desigualdade extrema. Carajás, com tamanho médio, ficará com 21% da população. O Pará remanescente manterá 64% da população, mas o menor território. Já Tapajós, o maior em tamanho, será ocupado por somente 15% da população.
A desigualdade se reflete, inclusive, no percentual de desmatamento de cada área, o que revela os diferentes modelos de ocupação das três regiões. Carajás, com sua alta concentração fundiária e grandes áreas de mineração tocadas principalmente pela Vale do Rio Doce, possui 46% do seu território desmatado. O Pará remanescente tem 35% da sua área desmatada. Tapajós, com suas comunidades tradicionais e áreas indígenas, apenas 7,8%.
“O perfil do território de Carajás demonstra que ali haverá muitos problemas. Há alta concentração de terras nas mãos de poucos. Tapajós já é diferente. Há grande concentração de assentamentos. Há uma elite, claro, mas ela é menos feroz no que tange à apropriação”, disse o coordenador do Núcleo de Meio Ambiente da Universidade Federal do Pará (UFPA), Gilberto Rocha.
Segundo a assessora do Idesp Lúcia Cristina de Andrade, as pesquisas realizadas poderão embasar novos modelos de desenvolvimento para o estado, mesmo que a divisão não se concretize. Até porque, para ela, a divisão não é suficiente para resolver os principais problemas que afetam o Pará.
E a tendência é que o eleitorado paranese reprove o desmembramento. Pesquisa do instituto Datafolha divulgada no último dia 25 diz que 62% declaram que vão votar contra a divisão e 31%, a favor. Na pesquisa anterior, do dia 13, quando a propaganda na TV sobre o plebiscito tinha acabado de começar (dia 11), 58% rejeitavam a divisão e 33%, apoiavam

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