Passarinho e o AI-5

Percorrendo vários blogs, encontrei no Vic uma matéria que achei importante, pois eu desde que conhecí Jarbas Gançalves Passarinho, sempre tive grande admiração pelo homem que foi para o Pará e Para o Brasil. Vamos a matéria:


ESPAM: O Ato Institucional nº 5 está completando 40 anos. O senhor era uma das figuras mais poderosas da época e foi ministro de três presidentes militares. A tortura é a principal lembrança daquele período. O senhor se arrepende de alguma coisa?



JARBAS PASSARINHO: Não me arrependo de nada. No contexto histórico daquela época (1968), era preciso que o ato fosse institucionalizado. Não havia saída; se o governo não tomasse essa decisão, havia o risco altíssimo de descontrole e domínio comunista. As consequências seriam nefastas. Sempre assumi meus atos e nunca menti. Jamais prendi ou torturei. Agora é preciso admitir que vivíamos um período perigoso. Um governo, como o de João Goulart, logo antes do golpe, aceitando imposições de revoltosos, sem autoridade e sem rumo. Era necessário estancar esse processo de deterioração e foi isso que fizemos. Um vizinho nosso, a Colômbia, nunca viveu sob estado de exceção. Está aí hoje, com quase metade de seu território ocupado pela guerrilha comunista", afirmou. "Se no Brasil não tivéssemos adotado o AI-5 estaríamos hoje à procura de um Uribe para eliminar guerrilheiros", disse.



ESPAM: Mas e a tortura, quando centenas de pessoas desapareceram e outras tantas morreram. É possível defender isso?



JARBAS PASSARINHO: A esquerda nunca teve moral para falar disso. "Eles sempre mataram, torturaram, de forma fria e cruel. Eles não podem querer criticar a tortura se a adotaram como procedimento usual. Isso é fato. Os heróis da iconografia de esquerda, como Stalin, Mao, Fidel e também Che Guevara eram violentos, cruéis, sanguinários, vingativos e torturavam muito. Quem são eles (os chamados alinhados à esquerda) para falar em tortura? Ademais, a tortura não era institucional. Eu mesmo apurei denúncias de tortura e as levei aos presidentes. Os culpados foram punidos. Respeitávamos as convenções internacionais. No regime militar vivíamos uma guerra, cada qual de seu lado. No combate, era matar ou morrer. Agora, depois de presos, os inimigos do regime eram tratados conforme as convenções estabelecidas em acordos internacionais. É lógico que havia excessos, mas não em caráter institucional. Eu jamais concordei com os excessos.



ESPAM: Nesse sentido, o senhor mesmo revelou em recente entrevista à revista Istoé que uma guerrilheira apurou à época que o regime militar tinha três objetivos: primeiro morreriam aqueles, como ela, que pegavam em armas para tomar o poder. Depois, morreriam os comunistas que naquele momento não pegavam em armas mas que um dia poderiam pegar. E, finalmente, morreriam os "melancias", os infiltrados. Segundo essa guerrilheira, apesar de contar com a admiração do presidente Médici, o senhor era considerado um “melancia” (verde por fora e vermelho por dentro) pela linha dura do regime, que por fim, pretendia eliminá-lo. Isso é verdade?



JARBAS PASSARINHO: De fato o episódio do relato da guerrilheira chegou até mim por meio de uma ex-combatente que conheci anos depois no Congresso Nacional. Na verdade, não acho que chegasse a tanto. Sempre fui um homem de centro e não coadunava com exageros. Talvez por isso os mais exaltados quisessem a minha cabeça; mas nada a ponto de contar com a aprovação do presidente.



ESPAM: Quarenta anos depois, é possível fazer alguma reconsideração entre suas convicções?



JARBAS PASSARINHO: Talvez devêssemos ter ficado menos tempo. Sempre defendi que deveríamos encerrar o ciclo militar no governo Médici mas o ritmo dos acontecimentos impediu que isso fosse levado a cabo. De qualquer forma, enquanto estivemos no poder, fomos capazes de transformar o Brasil na oitava economia do mundo.

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