Morre Mestre Verequete


No AMAZÔNIA:

Aos 93 anos, Augusto Gomes Rodrigues, o Mestre Verequete, Rei do carimbó, morreu ontem (3), às 12h, no Centro de Terapia Intensiva (CTI), do Hospital Barros Barreto, onde estava internado há seis dias. De acordo com último boletim médico, o paciente apresentava quadro de pneumonia grave, insuficiência respiratória aguda, infecção generalizada e respirava com a ajuda de aparelhos. Verequete deixa mulher e cinco filhos.
O secretário estadual de Cultura, Edilson Moura, disse em nota oficial que 'o Estado fará de tudo para que sua memória não seja esquecida. Verequete merece que as gerações futuras conheçam seu trabalho em prol da cultura paraense'.
Em entrevista ao Portal ORM, ontem, antes de Verequete morrer, a filha caçula do cantor, Lucimar Rodrigues, disse que a família estava emocionalmente abalada, mas que aguardava a reação dele aos medicamentos. 'Está muito difícil. A pneumonia é grave e esperamos que os antibióticos façam efeito. Os médicos dizem que não há aceitação do organismo dele aos remédios', lamentou.
Para quem compartilhou com Verequete o gosto pelo carimbó, a partida do mestre deixa uma lacuna na música paraense, segundo o músico Pinduca. 'Com a partida dele, vai perder o Pará e, principalmente, a música do Pará que é o carimbó, poque ele, assim como eu, estava fazendo a grande sustentação do desse ritmo perante a mídia. É uma perda muito grande para música paraense. Estou muito triste e já vinha lamentando a muito tempo o estado de saúde dele', disse ainda surpreso ao ser informado pela reportagem sobre a morte do colega.
O músico Ronaldo Silva, do grupo Arraial do Pavulagem ressaltou que o Mestre Verequete, que chegou até mesmo a ser homenageado pelo presidente Lula como Comendador da Ordem do Mérito Cultural, uma das mais importantes honrarias do Governo Federal, foi um exemplo da luta enfrentada por aqueles que escolhem o caminho da música no Estado do Pará.
'Para mim, a história do Verequete é a história de luta do músico paraense. Ele é um dos estandartes da música paraense, assim como foi Waldemar Henrique. Espero que a nova geração possa aprender com a música dele, que nos deixa uma lição de apego e cuidado com a cultura popular', disse.
Marcel Aredo, da banda Lã Pupunha, compara a trajetória de vida do Mestre Verequete a do músico Waldemar Henrique. 'Ele morre hoje, não vamos dizer que no anonimato, mas sem o devido reconhecimento, assim como ocorreu com Waldemar Henrique. Verequete, assim como o Mestre Lucindo, foi os maiores representantes do carimbó', destacou.
Apesar da importância tantas vezes ressaltada do músico para o cultura paraense, o músico viveu grande parte de sua vida enfrentando a miséria. Preso a uma cadeira de rodas desde que foi vítima de um AVC, passou parte dos últimos anos de sua vida num quarto-e-sala alugado numa vila da periferia de Belém.
O músico se mantinha com um pensão mensal de R$ 900, concedida pelo Governo do Estado. Uma rede de farmácias oferece R$ 1 mil em remédios por mês. A outra fonte de renda é a aposentadoria do INSS. Em sua última entrevista sobre seu estado de saúde, Mestre Verequete fez questão de dizer que continuava forte. 'Minha saúde é boa, mas é caída. Um dia está bem, mas no outro, não. Mesmo assim ainda não me derrubou', disse algum tempo depois de sofrer um AVC.

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