Palmeiras fecha janela, aposta na contramão e colhe frutos

A temida janela de transferências para o futebol europeu se fechou nesta segunda-feira e, como ocorre em todos os anos, causou estragos em quase todos os clubes brasileiros que disputam a Série A do Campeonato Nacional. Destaques da primeira parte da competição, como o corintiano André Santos, o cruzeirense Ramires e o colorado Nilmar, não resistiram aos euros e dólares e deram adeus ao país de olho na independência financeira no exterior.

Love volta ao Palmeiras após cinco anos
Na contramão dos principais adversários, o Palmeiras, contando com o suporte da parceira Traffic, rechaçou as ofertas por Pierre, Diego Souza, Cleiton Xavier, Maurício Ramos e Obina e manteve as principais peças do elenco para o técnico Muricy Ramalho. A única baixa importante em relação ao time que iniciou o Campeonato Brasileiro foi Keirrison, que aproveitou o desentendimento com o ex-técnico Wanderley Luxemburgo para exercer a cláusula contratual que obrigava o clube a liberá-lo em caso de proposta do Barcelona.

Resistir à tentação de engordar os cofres, no entanto, não foi a única atitude dos palmeirenses. Além de 'fecharem a janela', os dirigentes conseguiram repatriar um dos atletas mais cobiçados do país: o artilheiro Vagner Love, do CSKA, também citado como possível reforço de Santos, Flamengo e Corinthians. O resultado destas decisões ousadas da direção, tomadas em conjunto com a Traffic, pode ser visto na tabela de classificação, com o Verdão posicionado entre os quatro primeiros colocados há 14 jogos e ostentando a liderança isolada da competição nas oito últimas rodadas.

"O Palmeiras está vivendo um bom momento e, quando isso acontece, as coisas tendem a dar certo. A janela sempre preocupa, mas a vantagem que temos em relação a alguns clubes é que a maioria dos nossos jogadores pertence a um parceiro e esse parceiro não precisa se desfazer do ativo para fazer caixa", celebrou o diretor de Futebol do clube, Genaro Marino, apontado pelo presidente Luiz Gonzaga Belluzzo como um dos responsáveis pelo sucesso na contratação de Vagner Love.

"O caso do retorno do Vagner Love é bem específico, pois ele queria voltar. O Palmeiras tem uma política bem definida no futebol e essa coerência faz com que os resultados apareçam dentro de campo. O parceiro tem a mesma linha de pensamento da direção de futebol e esse conjunto de ações fez com que os principais atletas do Brasil, como o (Cleiton) Xavier e o Diego (Souza) fossem mantidos. Às vezes, se você se desfaz de um atleta, tem que dispor de recursos para reposição e nem sempre o faz com a mesma qualidade. O lucro, nesse caso, é ilusório", complementou Genaro.

Diretor de negócios relacionados ao futebol da Traffic, Felipe Faro confirmou que a decisão da empresa em manter o elenco alviverde no Brasileirão foi feita projetando o título. E garantiu que o planejamento não irá interferir nas contas da parceira para a próxima temporada. "Claro que o objetivo é a conquista do título, mas essa aposta vale de qualquer jeito, pois é uma demonstração da força do nosso projeto", argumentou. "Se o título vier, melhor, pois valorizará todo o grupo e é isso o que compensará nossos esforços", emendou.

Assim como o Verdão, o São Paulo também conseguiu manter seu elenco, mesmo com o forte assédio europeu a Hernanes e, principalmente, ao zagueiro Miranda, que ganha cada vez mais projeção em função de suas idas para a seleção brasileira. "Se o São Paulo quisesse vender alguém, teria acolhido uma das ofertas que chegaram, mas nenhuma estava no patamar dos jogadores. No ano passado, privilegiamos o Brasileirão e conseguimos o título. Desta vez, pensamos novamente que podemos chegar bem com este elenco e, se possível, até vencê-lo", explicou o diretor de futebol do Tricolor, João Paulo de Jesus Lopes.

O único atleta são-paulino negociado com o exterior neste ciclo de transferências foi o volante Eduardo Costa, que era reserva do time de Ricardo Gomes e acertou com o Mônaco, da França. O meio-campista saiu por cerca de R$ 6,5 milhões, e o valor ajudou o atual campeão nacional a ficar com o cofre em situação confortável, aumentando a possibilidade de recusar propostas por outros atletas. Por outro lado, o time do Morumbi também só efetuou contratações de atletas que chegaram para compor o elenco: o lateral argentino Adrián González e o zagueiro chileno Nelson Saavedra.

Sem milagres: Resistir às tentadoras ofertas do exterior só foi possível graças ao apoio da parceira e também a algumas medidas paralelas adotadas pela direção alviverde. Por determinação do presidente Luiz Gonzaga Belluzo, a direção de Futebol ordenou cortes nos gastos na ordem de 15% no setor. A liberação do atacante Max para o América-RN e a dispensa de Mozart, que recebia salários na casa dos R$ 140 mil mensais, além da saída de atletas do Palmeiras 'B', encabeçaram a lista de cortes. Tudo para diminuir o prejuízo mensal de R$ 2 milhões registrado pelos balancetes nos primeiros meses do ano.

"O gasto não é tão alto como falam. Outros clubes contratam profissionais fixos, registrados pela CLT, que custam o dobro (Ronaldo, por exemplo, ganha R$ 400 mil em carteira no Corinthians). Nós não temos tantos contratados, mas contratamos com qualidade. Nós tínhamos 11 jogadores com salários de alto para médio que foram desligados do clube. Isso ajudou bastante nas contas do Palmeiras", explicou Genaro, que conta com o apoio de Savério Orlandi e Toninho Cecílio para equilibrar as contas do futebol do Verdão.

"Agora a gente analisa o clube de forma empresarial. Com o grupo que ficou, podemos explorar a parte de publicidade e marketing, portanto, não precisamos da receita de venda de atletas", concluiu o dirigente, garantindo ainda que os vencimentos mensais de Vagner Love estão dentro da realidade do clube e não são os mais altos do elenco.
Marcelo Ferrelli/Gazeta Press

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