Projeto Pé-de-Pincha: em 10 anos, 850 mil quelônios devolvidos aos rios

Em meio às comemorações pelos seus 30 anos de operação, a Mineração Rio do Norte (MRN) celebra também dez anos de apoio ao projeto Pé-de-Pincha*. O programa, que busca a conservação de espécies de quelônios da Amazônia - como a tartaruga, o tracajá e o pitiú –, contabiliza mais de 850 mil filhotes devolvidos aos rios.

O projeto teve início em 1999, em Terra Santa. “A demanda surgiu de uma comunidade do município, que queria saber como fazer para proteger os quelônios que estavam acabando na área deles. Essa comunidade repassou o que aprendeu e outras comunidades quiseram fazer parte do projeto também. Assim fomos ampliando bastante nossa área de atuação. Num segundo momento, chegamos ao município de Oriximiná com o apoio da MRN”, explica Paulo César Andrade, professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam).

Juntamente com o Ibama, a Ufam forma a coordenação do Pé de Pincha que, atualmente, é desenvolvido em nove municípios nos estados do Pará e Amazonas, totalizando a participação de 88 comunidades. A MRN apóia o projeto nas comunidades das cidades de Oriximiná e Terra Santa, assim como as prefeituras municipais.

“A partir do momento que o projeto foi se tornando mais complexo, outras demandas foram surgindo. E temos conseguido avançar. Em algumas comunidades, como as de Oriximiná, o nosso papel já é de acompanhar as ações, não mais conduzir. Assim, podemos iniciar a condução do projeto em novas comunidades. É uma resposta para a sociedade de que esse tipo de manejo dá certo”, avalia o professor.

A primeira etapa do Pé-de-Pincha é a identificação das covas dos ovos. Depois, os ovos são retirados e levados para um berçário, onde ocorre a eclosão (nascimento dos filhotes). Posteriormente, os filhotes são encaminhados para um tanque-berçário. Lá, permanecem por noventa dias. Depois desse período, são devolvidos à natureza. Desde a captura dos ovos até a soltura dos filhotes, o processo leva cerca de seis meses.

“Checamos que, em cada área de soltura, o número de fêmeas reproduzindo aumentou em aproximadamente 40%. Isso com certeza é fruto dos primeiros animais que foram soltos e que hoje voltam para desovar. No seu habitat natural, apenas 1% dos filhotes sobrevive. Com o projeto, esse número sobe para 20%”, destaca Andrade.

A idéia do projeto é promover as ações de forma participativa, envolvendo comunidades e instituições locais, sempre com a participação de voluntários. É o caso de Alberto Serrão, morador da comunidade Piraruacá e voluntário do Pé de Pincha há 10 anos. “A situação no nosso lago era muito triste, os próprios comunitários consumiam os quelônios, pois não tinham consciência sobre o que é o meio ambiente. O Pé de Pincha nos trouxe esse conhecimento. Hoje, o lago tem muito tracajá, pitiú e muitos peixes. Daqui a uns dias, nossos filhos vão poder ver que o que não tínhamos mais e hoje temos. É uma alegria muito grande. E tudo por causa do Pé de Pincha”, ressalta.

Para participar do projeto, os ribeirinhos que atuam como voluntários recebem treinamento de como manejar os ovos e criar os filhotes de quelônios. Além disso, estudantes da Ufam acompanham toda a operação, desde a coleta até a soltura dos animais. Em Terra Santa, o projeto conta ainda com a parceria da Associação dos Agentes Ambientais Voluntários (ATAAV). “Não imaginava que fôssemos chegar aos 10 anos. Mesmo com o consumo da carne, que é costume na região, estamos conservando a maior parte dos ovos”, conclui Rutinéia Bentes, coordenadora do projeto em Terra Santa.

“Para nós é extremamente significativo ver o empenho das comunidades ribeirinhas junto às entidades e o governo em prol da preservação. Isso reflete o grau de amadurecimento em que nos encontramos, onde se cria a consciência de trabalho em conjunto no que se refere à defesa da vida”, comenta José Haroldo Paula, gerente de Relações Comunitárias da MRN.

* Pincha, na região, significa tampinha de garrafa. A analogia se deve à semelhança das pegadas deixadas por estes quelônios na areia com a marca da tampa das garrafas de refrigerante.
(Fonte Assessoria de Imprensa da MRN)

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