Cametá, Santarém, Manaus, quando idade não é documento

Três cidades amazônicas fazem aniversário hoje. Lembram a data de sua elevação à categoria de cidades. Longe no tempo, tiveram lá os seus significados geopolíticos. Evoluíram e se distanciaram, embora permanecendo sem tanta diferença até o meado do século 20. Nas últimas 5 ou 6 décadas começaram a distanciar-se, seja em população, seja nos índices macro-econômicos.

Cametá e os casarões típicos da arquitetura colonial, presentes também em
Santarém, Manaus e outras cidades antigas


Hoje, a comparação entre as três quase não faz sentido. Manaus, com mais de 2 milhões de habitantes, 80% deles atraídos pela Zona Franca; Santarém, com 295 mil habitantes e uma economia ainda baseada na atividade extrativa, de entreposto comercial e um projeto inacabado de principal porto do centro da Amazônia, e Cametá, com 120 mil habitantes, vivendo do extrativismo, da pequena agricultura, da pesca e de festas periódicas que acionam o turismo. E do passado, pois Cametá foi capital do Pará por um período de 11 meses durante o governo popular da Cabanagem, nos idos de 1835.

A Catedral de N. S. da Conceição, em Santarém, cidade a meio
caminho entre Belém e Manaus. Para sempre?
Manaus, buscando novas imagens além daquela do
Teatro Amazonas, na sua ânsia por integrar-se
ao mundo contemporâneo

Há 163 anos, no dia 24 de outubro de 1848, o presidente da Província do Pará, Jerônimo Francisco Coelho, promulgou a Lei nº 145, que elevou as vilas de Cametá, Santarém e Barra do Rio Negro, hoje Manaus, à categoria de cidades. No mesmo dia, pela lei nº 146, foi elevada à categoria de vila a freguesia de Parintins, então pertencente ao município de Maués, Estado do Amazonas. Naquele ano a terra dos bois Caprichoso e do Garantido se chamava Vila Bela da Imperatriz.

Os primórdios da hoje capital da Zona Franca vêm de 1669, com a construção do Forte de São José do Rio Negro. Foi elevada a vila em 1832 com o nome de Manaos, em homenagem à nação indígena do mesmo nome, sendo transformada em cidade no dia 24 de outubro de 1848 com o nome de Cidade da Barra do Rio Negro. Somente em 4 de setembro de 1856 voltou a ter seu nome atual.

A história da ocupação de Santarém se dá em 1661, quando o jesuíta Felipe Betendorf chega à confluência do Tapajós com o Amazonas. A proximidade de datas entre as três cidades coincide também com o fato de que Betendorf, após deixar a cidade do Pará, ou seja Belém, para fundar a missão entre os tapajós, primeiro entrou no Tocantins e foi abastecer-se em Cametá para a longa viagem.

A fundação de Belém vem de 1616, como resultado da construção do Forte do Castelo, sentinela na entrada do vale do Amazonas pela Baía do Guajará. Portanto, do início até pouco mais que o meado do século 17 os portugueses se apressaram em marcar presença ao longo do grande rio e de seus principais afluentes. Era uma das formas de avisar aos concorrentes europeus que “esta terra já tem dono”. Aliás, novos donos, pois os primeiros proprietários, os indígenas, começavam a ser expulsos do lugar que lhes pertenceu por milênios.

Fonte: Blog do Jornalista Manuel Dutra

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Falso dentista é preso em Santarém

DESPERDIÇO DE DINHEIRO PÚBLICO EM ITAITUBA.