Cuiabá-Santarém: projeto secular


por João Guilherme Sousa (*)

A Cuiabá-Santarém é um projeto ferroviário secular, que vem desde 1747, e continua produzindo sonhos até hoje.

Será agora que o sonho vira realidade?

Na cronologia abaixo, alguns os momentos dessa história:

1747 – João Souza Azevedo navegou pelo rio Arinos, no Mato Grosso, e chegou pelo rio Tapajós à aldeia dos Tapajós, hoje Santarém.

1819 – Antônio Peixoto de Azevedo, tenente da Legião de Milícias, por ordem do tenente-general Francisco de Carvalho, capitão-general de Mato Grosso, realizou o serviço de exploração com objetivo de descobrir uma nova rota fluvial à cidade de Cuiabá ao Pará, pelo rio Paranatinga.

1851 – Augusto Leverges, presidente da Província de Mato Grosso, informava a Sua Alteza, o Imperador Pedro II, sobre o traçado de uma estrada Cuiabá a Santarém.

1878 – O comerciante Tibúrcio dos Santos Leque, estabelecido em Cuiabá, tomou a iniciativa de requerer ao Governo Imperial a concessão para a construção de uma estrada que partiria de Ponte Alta, distante 118 km de Cuiabá, até a Santarém.

1883 – Os deputados eleitos pelo Terceiro Distrito apresentaram na Assembléia Legislativa Providencial do Grão-Pará projeto de número 1552, datado de 28 de março, para a abertura de uma estrada de rodagem partindo de Santarém a Mato Grosso. O projeto não foi aceito pelos deputados da capital (Primeiro Distrito), sendo obstruída e não aprovada pela maioria.

1893 – David B. Riker, de origem americana r radicado em Santarém, por de carta pede ao amigo Fulton, que também fora um dos pioneiros da colonização americana em Santarém, mas já residindo nos Estados Unidos, para chamar atenção de Mr. Carnegie, homem rico de Allenghenry, na Pensylvania, para o projeto da estrada. Fulton esteve com o Reverendo Holland, diretor da Wester University que procurava convencer Mr. Carnegie a tomar parte na execução do projeto Santarém a Cuiabá.


1893, agosto, – No jornal Baixo Amazonas, de 5 de agosto de 1893, o deputado Montenegro informou que o projeto de via férrea ligando Santarém a Cuiabá fora incluída no plano geral das Estradas de Ferro.

1895 – O Governo do Estado do Pará, no Congresso Estadual, através da lei de número 325, autorizou o governador Lauro Sodré a contratar com Raul Sampaio Vianna a construção de linha férrea da cidade de Santarém ao limite do Pará com Mato Grosso.

1914 – O Congresso Nacional votou o projeto que foi convertido na lei de número 2943, de 6 de janeiro de 1915, autorizando as concessões para a construção das estradas de Cuiabá a São José do Rio Preto e de Cuiabá a Santarém.

1919 – O general Cândido Mariano da Silva Rondon, a bordo do paquete Brasil, transitou por Santarém, tendo à frente o vereador Joaquim Braga, que foi em comissão cumprimentar Rondon e pedir sua interferência para aplicação da lei de 1915 para a construção das estradas de Cuiabá a São José do Rio Preto e de Cuiabá a Santarém.

1910 – No Círculo Católico do Rio de Janeiro, dom Amando Bahlmann, prelado de Santarém, pronunciou e defendeu a construção da Santarém a Cuiabá, depois de citar os benefícios, afirmou que “o governo devia e deve olhar para essas vantagens”.

1922 – O engenheiro José Agostinho dos Reis, durante o Segundo Congresso Ferroviário Sul-Americano e Congresso Internacional de Engenharia, realizado no Rio de Janeiro, por ocasião do Centenário da Independência do Brasil, defendeu a tese “A estrada Santarém a Cuiabá constitui o sistema ferroviário de comunicação mais rápida e econômica, entre as bacias da Amazonas e do Prata”.

1951 – O cardeal Mota, na ocasião arcebispo de São Paulo, em conferência que fez para a Sociedade Santista dos Amigos da Amazônia de Santos, com referencia a ligação Santarém a Cuiabá, afirmava: “Será a avenida transbrasiliana, a ligar Santos o maior porto de mar brasileiro, a Santarém, o maior porto do Rio-Mar”.

1953 – O deputado Sylvio Braga, representando Santarém na Assembléia Legislativa do Estado do Pará, renovou o debate da Santarém a Cuiabá.

1970 – O presidente da República Emílio Garrastazu Médice sancionou o Decreto-lei de número 1106, pelo qual criou o Programa de Integração Nacional (PIN) que previa como primeira etapa, a construção imediata das rodovias Transamazônica e Santarém a Cuiabá.

1971 – O 8º Batalhão de Engenharia e Construção iniciou oficialmente os trabalhos da implantação da rodovia.

2011 – O Governo do Mato Grosso pretende construir com os chineses a ferrovia a distância entre Cuiabá até Santarém.

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* Santareno, é engenheiro e professor da UFPA (Universidade Federal do Pará)/Instituto de Tecnologia. Reside em Belém.

Fonte: Blog do Jeso

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