Ingressos paulistas são mais caros, mas Flamengo é líder em arrecadação

Futebol é um grande negócio e precisa gerar lucros para que um clube consiga manter sua receita ao longo do ano. Neste cenário, as rendas são parte fundamental para que não aconteçam atrasos salariais e estruturais. No Campeonato Brasileiro, o time que mais arrecadou até agora foi o Flamengo, que, em 18 partidas no Maracanã, recebeu R$ 12.524.609,00 graças à sua torcida, cerca de R$ 695.811,61 por partida.

Uma particularidade, no entanto, mostra que o clube rubro-negro poderia lucrar mais ainda se seguisse os exemplos de Corinthians e Palmeiras, segundo e terceiro colocados no ranking de arrecadação na competição. Se dividirmos o total de renda pelo público acumulado, a média de preço de ingressos do Fla é de R$ 17,14, enquanto a do Verdão é de R$ 36,28 e a do Timão de R$ 32,89.

O coordenador de arrecadação e fiscalização do Flamengo, Flávio Pereira, acredita que, de fato, o clube deveria pensar em lucrar mais com a renda nos estádios, desde que tenha responsabilidade.

'Acho que o preço praticado no Rio não chega a ser baratinho, mas hoje está defasado e precisa ser revisto. Se você levar em conta o custo do estádio, as gratuidades praticadas aqui para menores de 12 e maiores de 60 anos, que, em outros lugares, pagam meia-entrada, há uma série de complicações. O ingresso mais barato para o show da Madonna custou R$ 200, uma ópera no Teatro Municipal é R$ 300 e o cinema, que não tem ninguém ao vivo no local, está em média R$ 30. Mas, quando você aumenta um pouco o ingresso, a imprensa faz um estardalhaço, e depois o Ministério Público vem pedir explicações', lamentou Flávio Pereira.

No Rio, Botafogo e Fluminense têm médias de ingressos ainda mais baixas de R$ 13,41 e R$ 11,77, respectivamente. Para Pereira, o fato de mandar seus jogos no Engenhão, estádio arrendado junto à prefeitura do Rio, permite ao Botafogo baratear as entradas. Pelos lados do Tricolor das Laranjeiras, o dirigente do Fla acredita que a má campanha da equipe no Brasileirão pode ter sido um fator decisivo. Para não jogar no Maracanã vazio na luta contra a degola, o clube decidiu diminuir o preço dos bilhetes para ter mais apoio dos torcedores em detrimento de uma boa renda.

Em São Paulo, Fábio Raiol, diretor financeiro do Palmeiras, explicou o porquê dos ingressos serem mais caros em média no Palestra Itália do que em todas as outras praças esportivas utilizadas na Série A do Brasileirão.

'A decisão de cobrar mais caro pelos ingressos foi tomada por causa do baixo número de assentos disponíveis no Palestra Itália. São entre 23 e 24 mil lugares. Como tínhamos uma necessidade de fazer caixa para manter um time competitivo, subimos o preço. Poderemos resolver isso com a construção da Arena Palmeiras com diversificação de setores, alguns mais caros como camarotes, outros mais baratos', contou Fábio.

O diretor palmeirense acredita que o Corinthians no Pacaembu siga o mesmo raciocínio com um agravante, já que o campo é municipal e há taxas obrigatórias que o Verdão não paga, por exemplo, por utilizar um estádio próprio. Para Raiol, a venda de ingressos vem aumentando a sua fatia de participação na receita a cada temporada.

'A renda é muito importante. Até pouco tempo atrás, os valores arrecadados eram irrisórios. No Brasil, um ingresso custava em média U$ 6 (R$ 10,35), enquanto na Europa e nos Estados Unidos girava em torno de U$ 40 (R$ 69,02). Hoje em dia, 14% da nossa receita no futebol vêm da renda no estádio', complementou. Vale ressaltar que a média geral de preço no Brasileirão é de R$ 18,35.

Outro caso que merece destaque é o do Santo André. Em sua primeira temporada na Série A, a diretoria seguiu a lógica de 'estádio pequeno, ingresso caro'.

A maior parte dos jogos no Bruno José Daniel tiveram o ingresso de R$ 30 como o mais barato, sem contar a meia-entrada. Com isso, o Ramalhão tem a terceira maior média de preço do Brasileirâo: R$ 26,18, maior até que a do São Paulo. O gerente administrativo Alessandro Gonçalves explicou os motivos desta decisão da diretoria andreense.

'Temos a dificuldade do próprio estádio com poucos lugares. São cerca de 15 mil. Na média, adotamos um valor para buscar o equilíbrio, e que já vinha sendo praticado no Campeonato Paulista: R$ 30. Quando baixamos para R$ 20, não tivemos o retorno esperado, porque o time já estava numa situação complicada. Os jogos contra Corinthians (em São José do Rio Preto) e São Paulo (em Ribeirão Preto) foram administrados por uma empresa de fora, que definiu até preços mais altos', explicou o dirigente do clube do ABC paulista.

Já o Atlético-MG, que foi o clube que mais levou torcedores ao estádio no Brasileirão 2009, cobra em média R$ 14,30 pelas entradas. Cerca de 730 mil atleticanos prestigiaram o clube do coração no Mineirão neste ano, mas o clube deixou de lucrar com estas rendas. Mesmo assim, o Galo é o quinto que mais arrecadou na competição.

Dinheiro das rendas nem sempre retorna ao futebol - Mas para onde vai esse dinheiro todo? Historicamente, clubes sociais criaram departamentos de futebol, que são vinculados ao todo e não independentes como poderiam ser para gerir a sua própria receita. Isso faz com que o Palmeiras, por exemplo, tenha que cobrir eventuais despesas do clube que nada tenham a ver com futebol com os lucros de rendas ou patrocínios.

'O ideal era reverter todo esse dinheiro para o futebol, melhorando o CT e pagando os salários dos profissionais. Mas a realidade dos clubes sociais é diferente. O Palmeiras até tem uma boa receita social, que, infelizmente, não é o suficiente para cobrir o déficit do clube. E, ao contrário do que muitos falam sem saber, o futebol alviverde é superavitário e acaba tendo que ajudar outros setores', disse Fábio Raiol.

No Flamengo, a situação não é muito diferente tanto que apenas um setor financeiro cuida tanto do clube social quanto do futebol rubro-negro.

'Esse dinheiro vai para o nosso departamento de finanças, que decide as prioridades no clube para distribuir a renda. Não necessariamente essa arrecadação vai para o futebol', afirmou Flávio Pereira.

Também clube social, o Santo André profissionalizou o seu departamento de futebol e, mesmo sem uma renda expressiva, há, ao menos, a certeza de que o dinheiro foi usado na equipe e na estrutura por trás dos atletas e da comissão técnica.


Fonte: Globoesporte.com

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